Wednesday, December 21, 2005

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VIVA HOMER SIMPSON

Fiquei horrorizado com o artigo publicado no Carta Capital por um professor da USP que visitou o Jornal Nacional e achou por bem detonar o William Bonner.

Não sei se o professor em questão já trabalhou em jornal ou TV, mas acho que não. Todo jornalista que participou de uma reunião de pauta sabe que muito pouco nessas reuniões pode ser levado a sério. O professor deve achar que uma reunião de pauta teria que ser como uma aula dele, profunda, cheia de insights e discussões detalhadas.

Na vida real de quem trabalha em jornal, reunião de pauta não é assim. É claro que nós jornalistas levamos muito a sério o que fazemos, mas quem algum dia trabalhou em jornal sabe que essas reuniões de pauta têm como principal objetivo começar o dia de uma forma alegre, descontraída, engraçada. Nada em comum com uma aula na USP.

É óbvio que os principais assuntos, o que realmente é notícia, vão ser cobertos. Mas há "praças", ou seja, cidades, onde naquele dia específico nada de muito importante está acontecendo. Isso é normal. E no caso da "revelação" do professor da USP sobre o JN, a praça de New York não tinha nada de importante a oferecer porque eram sete e meia da manhã em New York.

Eu fui chefe do escritório da Globo em New York nos anos 90 e sei o que é, no inverno, quando em NY são três horas a menos que no Brasil, ter que participar de uma reunião de pauta na qual as outras praças já estão com o dia definido, quando na nossa praça ainda é noite.

O professor da USP resolveu "analisar" a resposta do William Bonner à matéria oferecida por New York a essa hora. Bonner teria dito que "o Homer não vai entender". O professor perguntou quem era Homer e Bonner teria respondido que era o Homer Simpson.

O professor da USP concluiu que o Bonner tinha desprezo pelo público do JN ao representá-lo pelo personagem do desenho animado. Segundo o professor, Homer Simpson é um débil mental.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que piadas ditas numa reunião de pauta nunca deveriam virar motivo de polêmica. O que importa é o que vai ao ar no telejornal, mas o professor não se preocupou com isso. É bem mais fácil explorar uma brincadeira na reunião de pauta, e foi o que ele fez.

Mas o caso é bem mais grave.

O professor da USP, supostamente alguém que estuda e ensina "comunicação", deveria saber que Homer Simpson está longe de ser um débil mental.

Existem dezenas de estudos acadêmicos sobre Homer Simpson, não sobre a "debilidade mental" vista pelo míope professor da USP, mas sobre a ambiguidade e profundidade do personagem.

Homer encarna todas as contradições do homem contemporâneo. É idiota e ao mesmo tempo é gênio. Tem mestrado em engenharia nuclear e ao mesmo tempo provoca acidentes na usina onde trabalha. É um bom pai e marido e, ao mesmo tempo, um desastre.

Homer acredita em Deus e desafia Deus.

As citações de Homer Simpson são usadas em aulas de Filosofia e Religião nas melhores universidades dos Estados Unidos e, pasmem, da Europa. Pelo visto a USP está acima disso.

Uma pesquisa recente divulgada pela BBC revelou que Homer Simpson - "the lovable Homer Simpson", segundo a BBC - é o americano mais querido no mundo, tendo superado Abraham Lincoln e Martin Luther King.

Todo mundo se identifica com Homer. Menos, é claro, o professor da USP. Quem estará certo? O mundo inteiro, ou o professor paulista?

1 comment:

Anonymous said...

Esse escritor é um babaca. Se acha!!!
vai lá, otário. Siga o mundo todo...