Wednesday, May 28, 2008

Repost: de 20 de novembro de 2005



Acordo no meio da noite para anotar aqui um sonho antes que esqueça. No pedaço que lembro, tenho que levar para lugar seguro duas crianças ou dois jovens - sinto a presença deles mas não vejo os rostos. Levanto os dois do chão, começamos a subir e eu vejo no céu - é de noite - a imagem bem distante de um anjo levando duas pessoas. Digo: Olha, um anjo. Mas a imagem some.



Me viro para a direção na qual temos que ir. Estamos no meio das nuvens, claro-escuro. Nos deslocamos muito devagar entre as nuvens. Percebo que se eu quiser podemos voar muito mais rápido, atravessando as nuvens e seguindo em frente. Penso que é isso que um anjo faz, e que se a gente quiser e souber pode ser como um anjo. Sinto que há outros anjos fazendo a mesma coisa mas não os vejo.



Voamos muito depressa na direção de uma luz forte entre as nuvens. Tenho que tomar cuidado para não bater nas árvores. Estamos descendo. Agora voamos muito baixo, vendo o chão. Estamos chegando a um lugar muito iluminado, parece uma fábrica, refinaria, prédio vasto em construção, muita gente. Não nos vêem. Não dá pra continuar voando, pousamos no chão e continuamos andando. Não acho uma brecha para atravessar para o outro lado do cenário, onde temos que ir. Uma mulher está falando, dando ordens para os homens que trabalham naquele lugar muito iluminado. Vou pedir ajuda a ela. Acordo.

Asas do Desejo, Wim Wenders

Acho que esse sonho tem algo a ver com a entrevista com Wim Wenders, os anjos dele, a asa que ele desenhou na Nastassja Kinski.
Tem a ver também com o fato de que de manhã vou passear por New York com os dois atores da Globo que estão aqui concorrendo ao Emmy International, Carolina Oliveira, 10 anos, e Douglas da Silva, o Acerola, 17. Vou gravar uma reportagem com eles para o Fantástico.
Ontem perguntaram ao Douglas (foi o Luiz Fernando Carvalho quem perguntou na apresentação do Douglas ao festival) qual a lição de vida do trabalho como ator. Ele respondeu: Deus escreve certo por linhas tortas. A tradutora não sabia dizer isso em inglês e eu não lembrei na hora. Mas quando acordei do sonho lembrei: God writes straight with crooked lines.

2 comments:

Anonymous said...

Jorge, nenhuma pretenção de analisar sonhos! Minha praia é analisar sistemas e não pessoas e é irresponsável e perigoso ir além dela. Mas ao ler me bateu que esta condução e procura de um lugar seguro para duas crianças significa o socorro feito por nós mesmos às crianças que nos habitam, mesmo que muito já velhos como eu. São muitas estas crianças que perduram oelo tempo de vida, como somos muitos também. E, como seria bom se nós próprios pudessemos nos conduzir à segurança a exemplo do que fazem os anjos que cruzam seu sonho como cruzam nossas vidas. Mas será que não podemos? Às vezes me parece que sim. O sonho é lindo e comovente. Joaquim em seus cursos de roteiro fala de personagens angélicos que surgem na história, por segundos, apenas para modificar o rumo da vida do protagonista. Mas isto seria uma longa divagação portanto agora vai somente meu beijo,
Anna Maria

Iza said...

Lindo sonho que essa luz sempre te acompanhe
meu anjo!
abraço